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O Oásis de Siwa, a 50 km da fronteira com a Líbia e 560 km do Cairo, é um refúgio verde no Deserto do Saara, cerca de 25 metros abaixo do nível do mar.
Conhecido desde o Paleolítico, ganhou fama na Antiguidade pelo oráculo de Ámon e pela visita de Alexandre, o Grande. Também é palco da lenda do exército perdido do rei persa Cambises.
Com 80 km por 20 km e cerca de 25 mil habitantes, Siwa encanta por sua história, cultura, oliveiras, tâmaras e banhos termais. Isolado e autêntico, é um dos destinos mais preservados do Egito.
Encravado entre o imenso Mar de Areia do Deserto Ocidental e a Depressão de Qattara, o oásis de Siwa apresenta-se como uma profunda depressão a 19 metros abaixo do nível do mar.
Este refúgio verdejante, repleto de fontes termais naturais e milhares de palmeiras, possui um comprimento estimado de 80 km e largura de aproximadamente 20 km.
O isolamento geográfico de Siwa é notável mesmo entre os oásis egípcios. Encontra-se a quase 800 km por estrada do Cairo e a cerca de 300 km de Marsa Matruh, a cidade mediterrânea mais próxima.
Além disso, mantém-se distante dos outros oásis: Bahariya, o mais próximo, situa-se a mais de 420 km.
Este extremo isolamento histórico contribuiu para o desenvolvimento autônomo de sua cultura. A cidade só foi conectada por asfalto com a costa norte egípcia nos anos 1980, mantendo-se praticamente inacessível durante séculos.
Atualmente, a viagem de ônibus entre o Cairo e Siwa leva mais de dez horas, atravessando vastas extensões de deserto onde não há nada além de areia e vilas empobrecidas.
Um dos mais intrigantes mistérios associados a Siwa é a lenda do exército perdido de Cambises. Segundo relatos do historiador grego Heródoto, em 524 a.C., o rei persa Cambises II enviou uma força de 50.000 soldados para atacar o oásis e destruir o templo do oráculo.
Após alcançarem o oásis de Bahariya, último ponto de abastecimento antes de Siwa, o exército desapareceu misteriosamente no deserto.
De acordo com a lenda transmitida pelos próprios habitantes de Siwa, quando os soldados estavam a meio caminho de seu destino,
uma violentíssima tempestade de areia surgiu subitamente durante uma parada para refeição, soterrando todos os homens e animais sem deixar vestígios.
Aproximadamente duzentos anos após o incidente com o exército de Cambises, Alexandre Magno, após conquistar o Egito dos persas, realizou uma perigosa jornada pelo deserto até Siwa.
Em 331 a.C., ele buscava consultar o famoso oráculo de Ámon, cujo templo havia sido construído entre 663 e 525 a.C.[62].
O propósito da visita era receber orientações para suas futuras conquistas e, segundo alguns relatos, confirmar sua origem divina.
O oráculo não apenas o declarou filho de Zeus, mas também do deus egípcio Ámon, legitimando-o como faraó do Egito.
Alexandre nunca revelou completamente o conteúdo da consulta, mas sua reverência foi tamanha que manifestou aos seus generais o desejo de ser enterrado em Siwa.
Essa visita histórica é frequentemente interpretada por historiadores como uma astuta manobra política para legitimar o poder de um estrangeiro sobre o Egito, garantindo assim a aceitação popular do seu governo.
Entre as muitas maravilhas do deserto egípcio, o oráculo de Amon em Siwa destacou-se como um dos mais influentes centros religiosos da antiguidade, rivalizando em fama com o oráculo de Delfos na Grécia.
O pequeno mas significativo templo do oráculo foi construído entre 663 e 525 a.C., durante a 26ª dinastia do Antigo Egito. Atribuído ao faraó Amásis, o santuário possui dimensões modestas de apenas 14 x 22 metros.
Localizado sobre a rochosa colina de Aghurmi, a aproximadamente 4 quilômetros da cidade atual de Siwa, o templo oferecia uma posição estratégica e elevada sobre o oásis.
A função primordial deste local sagrado era abrigar consultas ao oráculo. Os procedimentos envolviam intermediários que levavam perguntas escritas e as depositavam no santuário, retornando posteriormente com as respostas, permitindo que os sacerdotes mantivessem sua concentração durante o processo divinatório.
No mundo antigo, decisões importantes eram frequentemente guiadas por estes oráculos, pois acreditava-se que os próprios deuses falavam através deles.
O templo foi dedicado a Amon-Rá, o deus egípcio do sol representado com cabeça de carneiro. Embora fosse um centro de adoração egípcio,
o oráculo alcançou imensa popularidade também no mundo grego, demonstrando a integração religiosa entre as duas culturas na antiguidade.
Uma lenda curiosa narra que duas sacerdotisas negras foram expulsas do Templo de Amon em Tebas (parte do complexo de Karnak, em Luxor) e abandonadas no deserto.
Uma delas teria seguido para a Grécia, onde fundou o Templo de Dodona, enquanto a outra chegou até Siwa, onde estabeleceu o famoso oráculo.
Com a chegada dos tempos romanos, os oráculos perderam popularidade, assim como os próprios deuses egípcios, que os gregos haviam parcialmente incorporado à sua mitologia.
Quando o historiador Estrabão visitou o Egito em 23 a.C., já notou que o oráculo de Amon havia perdido quase toda sua importância.
Entretanto, acredita-se que o deus continuou sendo adorado localmente até o advento do islã, com os sacerdotes mantendo o culto a Amon até aproximadamente o século VI d.C..
Atualmente, visitantes podem contemplar as antigas muralhas e ruínas, que ainda exibem desenhos e esculturas narrando a história do templo.
É possível observar retratos dos deuses Amon e Rá, bem como apreciar uma das mais impressionantes vistas panorâmicas do oásis.
Infelizmente, as paredes com relevos encontram-se em péssimo estado de conservação, com apenas uma delas permanecendo de pé.
A cultura siwana, isolada por séculos no deserto, desenvolveu características únicas que a distinguem não apenas do restante do Egito, mas também de outras comunidades berberes do norte da África.
Esta singularidade manifesta-se em diversos aspectos do cotidiano e das tradições locais.
O Festival Siyaha (também conhecido como Eid El Solh ou Eid El Hasad) representa uma das celebrações mais importantes para os siwanos.
Durante este evento, os homens se reúnem na montanha Gabal Al-Dakrour para compartilhar refeições, entoar cânticos de gratidão e promover reconciliações.
As mulheres, por sua vez, permanecem na aldeia celebrando com danças, cantos e tambores. Este festival de três dias culmina com uma grande marcha que parte de Gabal El-Dakrour até a praça Sidi Solayman, simbolizando o início de um novo ano sem rancores.
Além disso, os siwanos, sendo majoritariamente muçulmanos, observam estritamente o Ramadã, chegando a fechar todas as lojas durante o mês sagrado.
Celebram também o Eid al-Fitr e o Eid al-Adha, porém com peculiaridades locais, como o preparo da pele de ovelha junto com suas vísceras como iguaria festiva.
Tradicionalmente, as mulheres em Siwa desempenham funções cruciais nos lares. São frequentemente responsáveis pelas decisões financeiras familiares e pela criação dos filhos.
Um vice-prefeito da cidade chegou a afirmar em 1985: "Se nossos filhos falam siwi, é às nossas mulheres que eles devem isso", evidenciando seu papel fundamental na preservação cultural.
Os siwanos são tradicionalmente endogâmicos, raramente casando-se com pessoas de fora da comunidade. No entanto, quando ocorrem casamentos com mulheres beduínas, estas costumam exigir um preço de noiva mais elevado.
Historicamente, as relações entre siwanos e beduínos eram mediadas por um sistema de "amizade", no qual famílias específicas de ambos os grupos mantinham laços hereditários, facilitando trocas comerciais e hospedagem.
O siuí (também chamado siuês ou berbere siuí) constitui uma característica fundamental da identidade cultural local. Com cerca de 15 a 20 mil falantes, é a única língua berbere nativa do Egito e a variedade berbere falada mais a leste no norte da África.
Linguisticamente, destaca-se por características incomuns como o colapso das distinções de gênero no plural e a concordância do destinatário sobre demonstrativos - um fenômeno extremamente raro mundialmente.
A estrutura básica segue o padrão Sujeito-Verbo-Objeto, e seus substantivos são especificados por gênero gramatical e número.
No coração do oásis de Siwa ergue-se um impressionante testemunho da resiliência humana em meio ao deserto - estruturas e tradições que sobreviveram por séculos, desafiando o tempo e as condições extremas.
Construída em 1203, a Fortaleza de Shali domina a paisagem central do oásis, visível de todos os pontos da cidade.
Durante mais de sete séculos, esta imponente estrutura serviu como refúgio protetor para os habitantes locais contra as frequentes incursões dos beduínos.
O que torna Shali verdadeiramente única é seu material de construção - o kershef, uma peculiar mistura de sal das lagoas locais e argila.
Esta técnica tradicional, embora engenhosa, revelou-se vulnerável às raras mas devastadoras chuvas. Em 1926, uma tempestade que durou apenas três dias danificou severamente a fortaleza, levando ao seu abandono definitivo[221].
Atualmente, apesar de parcialmente em ruínas, Shali continua sendo o "cartão postal" de Siwa. Os visitantes podem explorar livremente suas ruelas sem controle ou bilheteria, subindo até o topo para apreciar vistas panorâmicas espetaculares de todo o oásis.
O isolamento histórico de Siwa permitiu a preservação de técnicas artesanais berberes que praticamente desapareceram em outras regiões.
Por toda a cidade, pequenas lojas e vendedores ambulantes oferecem peças únicas que refletem a identidade cultural local.
Entre os produtos mais procurados estão:
Joias de prata finamente trabalhadas, especialmente anéis e braceletes com motivos simbólicos como flores, pombas, peixes, lua, sol e estrelas
Cerâmica tradicional, incluindo jarras e incensários com designs distintos[224]
Cestos e objetos trançados utilizando folhas de tamareira, a árvore mais abundante do oásis[224]
As peças de ourivesaria em prata são particularmente notáveis, com técnicas transmitidas por gerações e influências de joalheiros que viajavam entre Tunísia, Líbia e o próprio oásis de Siwa.
O crescente interesse turístico por Siwa tem provocado transformações significativas. A cidade, que só recebeu eletricidade e estradas asfaltadas nas últimas décadas do século XX, agora experimenta um ritmo acelerado de modernização.
Apesar disso, Siwa tem se destacado por iniciativas de turismo sustentável que buscam equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação cultural.
Projetos comunitários promovem o uso contínuo de materiais de construção tradicionais e a conservação dos recursos hídricos, essenciais para a sobrevivência do oásis.
A Casa-Museu de Siwa representa um exemplo notável desses esforços de preservação.
Este pequeno museu etnográfico foi criado para documentar e exibir a arquitetura tradicional, bem como utensílios e objetos do cotidiano, garantindo que o patrimônio material não se perca com o tempo.
Descubra o encanto milenar de Siwa!
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